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Mostrando postagens de 2010

a respeito do sonho.

deixei a entrada do metrô e segui em direção ao ponto de ônibus. caminhei de uma ponta à outra da plataforma, procurando a consciência que eu deixei em algum lugar por ali. me sentei num daqueles bancos de metal, gelados demais pro frio que fazia ali. enxerguei no ir e vir dos carros uma réstia de certeza, mas assim que o ônibus chegou eu a vi espalhar com o vento. no caminho eu olhava pela janela como se fosse encontrar o que perdi, mas isso só fez aumentar a confusão dentro da minha cabeça. tudo tinha aquela névoa onírica, que envolvia a noite, deixando-a ainda mais bonita e obscura. eu, na minha cega sede de detalhes, subestimei a razão, e nisso ela, revolta, me devolveu o tapa na mesma face de antes. fiz de tudo pra manter o rebolado, mas quebrei no meio, e continuei a andar assim mesmo, pra não dar o braço a torcer. pensei estar maluco. pensei ser um pouco da linda paranóia que acompanha meu temperamento conspiratório. acertei ao lembrar das tantas peças que a vida já me pregou, e

oração da noite.

noite. desconfusa noite. que nos tolera vasta, inexata. imprecisa. cubra da tua escuridão meu senso, envolva da tua confusão meu peito. prepara-nos belos encontros. jorra tua luz aos quatro cantos. que o medo humano de se azucrinar passa correndo pelos dias. que as estrelas iluminam os pensamentos gêmeos por menos sombra que eles façam agora. por ora, traga alento para que possamos perder o fôlego. nesta e noutras inúmeras vezes.

o mistério.

escondo um movimento pra imediatamente tornar translúcido o desejo de exercer direito transfigurar em sonho o que não deveria crer você é o mistério que invariavelmente eu poderia desvendar tomar sua essência quente te ver chegando perto eu já não posso suportar a minha língua a percorrer seus erros o colorido da sua certeza a faca cega do meu otimismo minha memória decorou o charme
eu só queria desaparecer. me sentar num lugar onde não existisse ninguém e desaguar cada mágoa, por uns 3 dias, sem precisar fazer nada além disso. ficar longe das cobranças, dos compromissos, do movimento. na verdade, eu só queria que o tempo parasse e conservasse meu corpo assim. talvez só me bastassem alguns cigarros, ou alguns goles numa mesa cheia, como não faço há tempo. eu não sei o que eu quero...
ele desceu a escada dos sonhos se apoiando nos corrimãos. decidiu abafar tudo o que sentia. ali no chão nada acontece, nada surpreende...

A Fuga.

estou longe de ocupar o meu lugar por isso eu faço questão de achar os motivos para reconsiderar as coisas insanas que você escreveu é fácil julgar quem erra sem saber o que é errar sem saber de tudo o que faz alguém se perder e nunca mais se achar preciso de tempo, uma desculpa esfarrapada me esconder do vento dentro de alguém a minha esperança me deixou tem muito tempo por isso eu canto os males em tom menor posso absorver toda essa tristeza e cuspi-la no rosto do próximo a me importunar é facil errar sem medo de sofrer o que virá sem passar por tudo o que faz alguém construir um mundo e nunca mais criar preciso de álcool, a minha fuga já surrada me esconder do tempo dentro de um copo A Fuga.mp3

medíocres.

eu queria aqui levantar uma questão simples: se todos procuram ser os melhores em tudo (melhor amigo, melhor namorado, melhor filme, melhor sensação, melhor funcionário, o mais qualificado, o mais bem-preparado, melhor comida...) o que vai ser dos bilhões de medíocres??? me diz!