deixei a entrada do metrô e segui em direção ao ponto de ônibus. caminhei de uma ponta à outra da plataforma, procurando a consciência que eu deixei em algum lugar por ali. me sentei num daqueles bancos de metal, gelados demais pro frio que fazia ali. enxerguei no ir e vir dos carros uma réstia de certeza, mas assim que o ônibus chegou eu a vi espalhar com o vento. no caminho eu olhava pela janela como se fosse encontrar o que perdi, mas isso só fez aumentar a confusão dentro da minha cabeça. tudo tinha aquela névoa onírica, que envolvia a noite, deixando-a ainda mais bonita e obscura. eu, na minha cega sede de detalhes, subestimei a razão, e nisso ela, revolta, me devolveu o tapa na mesma face de antes. fiz de tudo pra manter o rebolado, mas quebrei no meio, e continuei a andar assim mesmo, pra não dar o braço a torcer. pensei estar maluco. pensei ser um pouco da linda paranóia que acompanha meu temperamento conspiratório. acertei ao lembrar das tantas peças que a vida já me pregou, e sorri. chego tão pesado em casa que quase a cama vai abaixo quando deito. no sonho, uma balança mostra o equilíbrio de dois pesos. um relógio, cujo ponteiro único gira tão lentamente que o movimento é quase imperceptível. depois, o mesmo sonho repetido. as vezes eu acho que isso quer dizer mais do que deveria, noutras acredito ser apenas um sonho, que de tão bom, eu preciso guardar bem apertado, pois é tudo o que me cabe.
o mistério é de se ter. (e se não for?)
sorrio, caminho e levo comigo meu quinhão.
o mistério é de se ter. (e se não for?)
sorrio, caminho e levo comigo meu quinhão.