Pular para o conteúdo principal

a respeito do sonho.

deixei a entrada do metrô e segui em direção ao ponto de ônibus. caminhei de uma ponta à outra da plataforma, procurando a consciência que eu deixei em algum lugar por ali. me sentei num daqueles bancos de metal, gelados demais pro frio que fazia ali. enxerguei no ir e vir dos carros uma réstia de certeza, mas assim que o ônibus chegou eu a vi espalhar com o vento. no caminho eu olhava pela janela como se fosse encontrar o que perdi, mas isso só fez aumentar a confusão dentro da minha cabeça. tudo tinha aquela névoa onírica, que envolvia a noite, deixando-a ainda mais bonita e obscura. eu, na minha cega sede de detalhes, subestimei a razão, e nisso ela, revolta, me devolveu o tapa na mesma face de antes. fiz de tudo pra manter o rebolado, mas quebrei no meio, e continuei a andar assim mesmo, pra não dar o braço a torcer. pensei estar maluco. pensei ser um pouco da linda paranóia que acompanha meu temperamento conspiratório. acertei ao lembrar das tantas peças que a vida já me pregou, e sorri. chego tão pesado em casa que quase a cama vai abaixo quando deito. no sonho, uma balança mostra o equilíbrio de dois pesos. um relógio, cujo ponteiro único gira tão lentamente que o movimento é quase imperceptível. depois, o mesmo sonho repetido. as vezes eu acho que isso quer dizer mais do que deveria, noutras acredito ser apenas um sonho, que de tão bom, eu preciso guardar bem apertado, pois é tudo o que me cabe.

o mistério é de se ter. (e se não for?)
sorrio, caminho e levo comigo meu quinhão.

Postagens mais visitadas deste blog

o imperfeito.

o sua melhor qualidade era ser imperfeito. fazia doer como ninguém. mas, quando a dor lhe rebatia nas faces, culpava o outro. e assim foi ficando tão longe de seu sonho que quando percebeu estava ele mesmo num sonho que não era dele.

medíocres.

eu queria aqui levantar uma questão simples: se todos procuram ser os melhores em tudo (melhor amigo, melhor namorado, melhor filme, melhor sensação, melhor funcionário, o mais qualificado, o mais bem-preparado, melhor comida...) o que vai ser dos bilhões de medíocres??? me diz!

saudade.

ele esperava. nunca chegava no horário, mas hoje tinha conseguido ser pontual. a impaciência - pontuada por passos curtos daqui pra lá - era efeito da pontualidade dela, que sempre chegara antes dele. ela chegou, olhando-o com uma expressão de desculpas, com o mesmo andar sereno de todas as vezes. - oi. e aí? - ele disse. - tudo bem. e aí? - respondeu ela. ele abriu um sorriso e disse: - aí. (...) (eu vivo tão sozinho de... saudade.)