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Mostrando postagens de março, 2009

a procura.

os vícios, as letras, os ócios as cores, os jogos, sentidos preceitos, amores, colóquios loucuras, tremores, amigos o que é que você vai procurar agora? os livros, as cartas, os nomes as dores, os copos vazios conceitos, rumores impróprios fartura, temores, a vida inteira o que é que você vai procurar agora? já não bastava ter perdido tudo? o que é que você vai estragar agora? o meu lugar no universo ainda não vagou. o que é que vc vai... pra onde é que vc vai? música nova do Assinado Maria, minha banda. quem quiser ouvir, www.assinadomaria.com.br :*
de: ryotiras.com

abatido.

me revirei do avesso e tudo ficou pessoal. eu não penso mais. não posso mais. o fio da meada eu perdi. me sobra esquentar os lençóis. perder de vista a vida no sol. me humilhar. me sentir vazio. sem cor. os luxos e o idealismo são meus. e são muito do que eu tenho. solto um "perdoe-me" naturalmente. me escondo no colchão. me deixo abater. [abatido me refaço melhor. e agradeço o empurrão. só dispenso a queda.]

os pássaros.

euaflito e só,confuso e semvocê por aqui.assim eu sonhei mas isso eu não quis,que diferença?o dua se fez assim.há um conflito,um nóeu difuso enfim os pássaros vêmme levar aívisitar océu e pra ver vocêlevantando o véu pra mim,mas eles só me vêemquando eu já não seise eu estou são,o que é um sonho ruim,o que é um sonhobom,que diferença?a vida é igual,assim eeu não seieunãoseieunãoseise isso é você.quem bate aí? se é pra eu te verentão deixa eudormir.

a escolha #2

virei as costas e dei alguns passos, com o cigarro aceso na mão esquerda, a outra enfiada no bolso da calça. a chuva só não me açoitava o rosto por causa do capuz que eu usava. de repente me senti observado, não pelos olhos que eu tinha deixado mareados, ali, há poucos metros para trás, mas por outros olhos, distantes, frios, redentórios. continuei caminhando, olhando pro prédio à minha esquerda. um brilho, de espelho, refletindo alguma luz, me bateu nos olhos. soube que tinha pouco tempo. me despedi mentalmente dela. dei o último trago no cigarro e joguei a bituca no meio fio. uma bala atravessou meu peito, antes mesmo da bituca tocar o chão. fui o escolhido. assim, fica marcada a dor em mim. câmbio, desligo.

amigos, amigos. negócios à parte.

Um deles era fiscal da receita. O outro policial federal. Conversavam abertamente, eram amigos, desses com quem se pode falar sobre as coisas da vida, as coisas da morte. Havia excesso de entendimento. Eram quase irmãos, na realidade. Soube-se um dia, que, por meios excusos, o fiscal havia ganhado uma quantia exorbitante em dinheiro. Dizia ele ser prêmio da loteria. Foi instaurado inquérito, uma investigação era conduzida. Por quem? Seu amigo, policial federal. No dia, a polícia armou o flagrante. E lá estava o fiscal, pego com a mão na massa, corrompendo funcionários, oferecendo dinheiro em troca de abertura dos aeroportos do estado. O fiscal, com a impulsividade de um animal, não hesitou em fugir, correr dali. Não podia ser pego. Ainda queria ter a vida farta, a mansão, os carros, piscina, férias no Taiti. O policial sonhava com a ascenção profissional, o cargo alto no departamento, até a secretaria de segurança, por quê não? Deu voz de prisão. Ordenou que o amigo colocasse as

a escolha #1

amanhece um dia bonito, ensolarado, por aqui.eu, do alto dos meus 58 anos nunca vi - juro! - amanhecer tão deslumbrante!o cigarro na minha mão esquerda, tão perto do meu rosto a ponto de poder ouvir o estalar do tabaco queimando, está no começo, e eu me ponho a pensar em quem será o meu objeto do dia.ah sim, todos os dias eu me ocupo com alguém, um estranho, uma pessoa qualquer que esteja passando por aqui, pra ser o meu trabalho do dia. isso requer certo grau de paciência e muita observação. precisa ser a pessoa certa, que se encaixe perfeitamente nos meus critérios, predispostos e planejados por eu mesmo, para essa tarefa diária.essa ocupação já foi oficial, quando eu servia o exército do meu país, antes de me aposentar.sempre achei que fosse essa minha vocação, por isso empreguei tantos esforços pra fazer o meu melhor, pra me doar ao máximo pra isso.acredito sim em pessoas que nascem destinadas a serem algo, seria uma contradição fortíssima não acreditar. mesmo que essa habilidade n
estou sozinho. me cansei dos classificados, da internet rápida que não é tão rápida assim. cansei dos velhos arquivos de música. quero ficar à parte, por um tempo. ter coisas novas pra conhecer. tomo um café, fumo um cigarro. andar na Paulista vai me fazer bem.

a culpa é de quem?

eu escolhi a dedo as palavras. meti, no meio de nós dois, tantas sílabas quantas foram possíveis. você nem sequer me deu tempo de sonhar. convenci-me de que tudo havia terminado. a parte ruim, pelo menos. em uma semana, soube que o pior estava por vir. {hoje, não sobrou nenhum vestígio de humanidade em mim. saco a pistola, lhe beijo a testa, e puxo o gatilho.} e u f o r i a .

Circo Instancial.

- você não faz questão nenhuma de entender! - EU não faço??? é diferente não fazer questão de entender algo que se pode, Luísa! - você é um cretino, Marcelo! - é... talvez eu seja um cretino mesmo. mas pelo menos eu assumo isso. a porta bateu estrondosamente. Marcelo sentou-se na cama, esperando a volta da namorada, talvez com uma faca ou um revólver na mão. não deu outra: - Eu vou me matar! - disse ela, brandindo a faca contra o próprio pescoço. - Luísa! olha a sujeira!!! pelamordedeus! - FILHO DA PUTA!!! - ao dizer isso, ela joga a faca contra o namorado, num gesto de fúria cega. o cabo atinge a testa dele, que atordoado, se apoia na janela. um filete de sangue escorre pelo rosto, bifurcando-se no nariz e caindo sobre cada uma das maçãs do rosto do rapaz. - Luísa, você tá maluca, mulher??? - diz ele, ainda meio tonto. - Ai, Meu Deus!!! - Luísa diz, com olhar culpado. - Sai daqui, sua desequilibrada! - Marcelo refuta o toque da garota, se afastando bruscamente. Luísa começa a chorar.