Pular para o conteúdo principal

a escolha #2

virei as costas e dei alguns passos, com o cigarro aceso na mão esquerda, a outra enfiada no bolso da calça.
a chuva só não me açoitava o rosto por causa do capuz que eu usava.
de repente me senti observado, não pelos olhos que eu tinha deixado mareados, ali, há poucos metros para trás, mas por outros olhos, distantes, frios, redentórios.
continuei caminhando, olhando pro prédio à minha esquerda.
um brilho, de espelho, refletindo alguma luz, me bateu nos olhos.
soube que tinha pouco tempo.
me despedi mentalmente dela. dei o último trago no cigarro e joguei a bituca no meio fio.
uma bala atravessou meu peito, antes mesmo da bituca tocar o chão.
fui o escolhido.
assim, fica marcada a dor em mim.





câmbio, desligo.

Comentários

l u a * disse…
minhas mais sinceras desculpas.

cheias de lágrima, e dor.
Anônimo disse…
Parabéns, sortudo!
Fabi disse…
e de quem era a bala?

Postagens mais visitadas deste blog

o imperfeito.

o sua melhor qualidade era ser imperfeito. fazia doer como ninguém. mas, quando a dor lhe rebatia nas faces, culpava o outro. e assim foi ficando tão longe de seu sonho que quando percebeu estava ele mesmo num sonho que não era dele.

medíocres.

eu queria aqui levantar uma questão simples: se todos procuram ser os melhores em tudo (melhor amigo, melhor namorado, melhor filme, melhor sensação, melhor funcionário, o mais qualificado, o mais bem-preparado, melhor comida...) o que vai ser dos bilhões de medíocres??? me diz!

saudade.

ele esperava. nunca chegava no horário, mas hoje tinha conseguido ser pontual. a impaciência - pontuada por passos curtos daqui pra lá - era efeito da pontualidade dela, que sempre chegara antes dele. ela chegou, olhando-o com uma expressão de desculpas, com o mesmo andar sereno de todas as vezes. - oi. e aí? - ele disse. - tudo bem. e aí? - respondeu ela. ele abriu um sorriso e disse: - aí. (...) (eu vivo tão sozinho de... saudade.)